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Laterização é um processo de transformação dos solos tropicais

Laterização

Todo solo utilizado na agricultura sofreu em algum momento o processo de laterização. Isso disponibiliza para as plantas os nutrientes necessários para que estas se desenvolvam. Se não ocorresse este processo, as rochas que formaram o solo ainda estariam intactas, mudando o cenário. Isso é possível graças à ação do intemperismo pelo vento, água, e outros fatores que levaram centenas de anos para dar origem ao solo.

A rocha em si é formada por compostos de cálcio, ferro, e outros minerais, os quais em contato com elementos oxidantes dão origem a decomposição dessas rochas. Esta decomposição consiste em tornar cada vez menores as partes da rocha.

Assim forma-se pedras menores, grãos de areia, até chegar ao pó. Dependendo da composição da rocha, os solos podem ter maiores teores de ferro, sílica, alumínio, manganês, fósforo, entre outros.

O processo de laterização é a decomposição dessas frações do solo que sofrem intemperismo com as águas da chuva formando óxidos de ferro e de alumínio. É um tipo de decomposição química, pois há a ação de agentes químicos como o oxigênio.

Para que ocorra o processo de laterização, o solo deve ser rico em ferro e alumínio. Quando o processo ocorre, o solo assume uma coloração avermelhada e há mudanças no pH deste solo.

As condições para que isso ocorra é que haja intensa lixiviação pela ocorrência de precipitação. Ou seja, a chuva é capaz de carregar substâncias orgânicas e promover a oxidação dos elementos químicos do solo por sua intensidade. Desta forma, a matéria orgânica presente nesse solo é carregada, tornando-o um solo pobre e ácido. Nas regiões tropicais, a temperatura e incidência dos raios solares no solo pode torná-lo rígido e seco, o que dificulta cultivo de vegetação.

O que é um solo laterizado?

Um solo laterizado tem o aspecto de um tijolo, por isso o seu nome, pois em latim, later significa tijolo. Com muita disponibilidade de ferro e alumínio, de cor vermelha e com pouco teor de matéria orgânica, ao ser seco pelo sol intenso, esse solo assume um aspecto semelhante ao de um tijolo.

Pode formar uma crosta endurecida logo na superfície que também é um tanto quanto impermeável, o que facilita que as águas pluviais carreguem a matéria orgânica que havia se depositado ali, pois a água não infiltra no solo para percolação. Esses fatores são responsáveis pela formação do que chamamos de latossolos.

Os latossolos são descritos de cor vermelha, que não diferenciam-se em horizontes, sendo homogêneos quando em cortes transversais. Essa é a principal característica dos latossolos, a sua cor homogênea, devido a ser composto predominantemente de material mineral.

Desafios do cultivo em latossolos

Estes solos são muito sensíveis, e devem ser manejados com cuidado. Formados por frações bem pequenas de sílica e argila, eles podem ser profundos e formar crostas superficiais quando não possui vegetação. Um fator limitante para o cultivo nesses solos é a baixa fertilidade.

É indicado para o uso de latossolos culturas anuais e perenes. Além disso, é indicado que seja feito reflorestamento em áreas descobertas e o uso para pastagens. A maioria dos terrenos com latossolos possuem baixa declividade, o que pode ser bom para o trabalho de mecanização agrícola. Quando conservados a vegetação e a biodiversidade do solo, ele é um solo bem drenado, poroso, friável  e permeável.

Essas características vantajosas para a plantação e uso do solo podem ser perdidas após o desmatamento da área. Contudo, é um solo com baixa CTC (capacidade de troca de cátions), o que torna dificultoso para a planta suprir os minerais necessários para o seu desenvolvimento, uma vez que há baixa disponibilidade deles na solução do solo.

Nessa perspectiva, e também por conter baixo teor de matéria orgânica, o latossolo não é um solo fértil, requerendo adubação antes de realizar a plantação. Além disso, deve-se ter muito cuidado com a irrigação desses solos a fim de evitar a lixiviação de nutrientes que devem estar disponíveis para as plantas.

Podem ser adotadas práticas que ajudem a melhorar a disponibilização de nutrientes para as plantas em latossolos. Para isso é preciso promover o aumento dos teores de matéria orgânica do solo, e evitar a sua compactação, o que dificulta mesmo o enraizamento das plantas. Tanto os latossolos vermelhos quanto os amarelos (com alto teor de alumínio) podem necessitar de calagem para regulação do pH.

Laterização

Ações que podem promover a laterização

Os solos compostos por argilas, como são conhecidos de maneira prosaica, podem sofrer maior lateralização devido à retirada de sua vegetação. A vegetação mantém  o solo poroso, o que facilita a passagem da água, e também seguram a porção de matéria orgânica, a qual costuma ser a parte mais superior do solo. Logo, ações como desmatamento, queimadas e irrigação inapropriada podem ser prejudiciais à área de interesse para cultivo.

Apesar de ser um solo bem drenado, com boa quantia de umidade quando está amparado por vegetação, pode facilmente diminuir as suas propriedades, e se tornar um solo seco e improdutivo. Então ações de queimada, comuns para fazer a limpeza do solo podem causar grande perda da eficiência do latossolo para produção de alimentos.

Outrossim, o mau uso do solo pode ser um grande problema. As técnicas de conservação do solo devem ser empregadas, e uma das mais indicadas para esse tipo de solo é a rotação de culturas.

Deste modo, não há esgotamento do solo, o que o protege também do processo de laterização. Desta forma, a irrigação dimensionada ao tipo de solo também evita a degradação do solo e a sua inviabilidade para o desenvolvimento de culturas.

A laterização ocorre principalmente em solos que possuem grande quantidade de ferro e alumínio, isso significa que talvez esse solo tenha deficiência de outros nutrientes necessários à planta. Sendo assim, também são recomendadas as fertilizações do solo com adubo NPK, que são nitrogênio, fósforo e potássio, os quais são facilmente percolados com a água. Com o manejo e preparo correto dos solos a sua lateralização pode ser evitada, o que é muito importante para regiões do nordeste brasileiro e em toda a faixa tropical.

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